Economia

análise

Moeda única no Mercosul coloca em risco a política monetária, apontam economistas

Especialistas dizem que o assunto necessita de amadurecimento semelhante ao do euro, que demorou 35 anos para sair do papel

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A criação da “sur”, moeda única a ser adotada por Brasil e Argentina, voltada às exportações do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e pensada para diminuir a dependência do dólar, não foi bem digerida entre economistas de Mato Grosso do Sul. 

Eles acreditam que o assunto leva tempo para obter avanços e ser implementado. No campo geopolítico dos dois países, a Argentina se mostra mais ávida para a criação da moeda, enquanto o Brasil defende estudos mais amplos e detalhados. Para os analistas, a ideia favorece apenas um lado, e não é o brasileiro. 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mostrou-se contra a ideia, embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenha se colocado como defensor.

Pela Argentina, o ministro da economia, Sergio Massa, frisou que se trata de um projeto bilateral entre as maiores economias da América do Sul e que seria apresentado como um convite aos outros países do continente.

 Entretanto, os dois países defendem que a ideia é embrionária e carente de profundidade. O mercado financeiro começa a levantar preocupações, principalmente porque o presidente Lula tem criticado as metas de inflação do Brasil. 

Já na vizinha Argentina, o olhar mais atento do mercado financeiro se volta para a série de graves problemas monetários. Os novos passos do governo nesse campo serão acompanhados atentamente pelos investidores.

A economista Adriana Mascarenhas avaliou a ideia do “sur” como muito prematura. “Não acredito que isso vá adiante e, mesmo que acontecesse, esse processo demoraria”, resumiu.

 Para ela, a situação econômica mostra que, em caso de criação da moeda, só um país lucraria: a Argentina. E a explicação é muito simples: enquanto o Brasil registra seguidos superavits nas exportações, a Argentina vai no caminho e oposto e se afunda em sucessivos deficits, que acontecem quando um país importa mais do que exporta. 

“Vejo essa ideia como uma utopia, e se isso fosse realmente acontecer, o Brasil teria de procurar um país em situação igual ou melhor, e não pior, como no caso da Argentina”, analisou Mascarenhas.

A Argentina fechou 2022 com crise econômica ainda mais forte: a inflação dos preços ao consumidor bateu os 94,8%, e a taxa de juros chegou a 75% de aumento. No Brasil, o indicador fechou o ano em 5,79%.

No mercado financeiro, não houve grandes oscilações em relação ao tema da nova moeda, que serviria apenas para uniformizar as exportações entre os dois países. O dólar comercial fechou o dia a R$ 5,1964, ou seja, com uma pequena queda de 0,21%. Já o dólar turismo fechou a R$ 5,3887, o que significa queda de 0,25%. 

O mestre em economia Eugênio Pavão lembrou que a ideia de criar uma moeda única para o Mercosul foi planejada desde a constituição do bloco. Ele ressaltou, ainda, que desde 1991 essa ideia não vigorou, seja por questões políticas ou econômicas. 

Segundo ele, a moeda única realmente teria algum impacto na dependência do dólar, a exemplo do euro, mas o mercado europeu é muito forte e inovador.

“Na América Latina, temos uma dependência muito grande de vários mercados. Sobre a possibilidade do pânico dos mercados, ela é bem remota, dada a baixa influência da região no mercado global. A ideia da moeda comum pode ser extremamente atraente, mas coloca em risco a política monetária dos países”. 

“Na minha concepção, essa realidade será possível só no longo prazo, quando a região estiver livre de crises políticas, tentativas de golpes e impeachments”, destacou Pavão.

CÚPULA

Na prática, a criação da moeda “sur” seria para impulsionar o comércio e reduzir a dependência do dólar. No entanto, os países continuariam usando paralelamente suas moedas locais: o peso e o real. 

Ao longo desta semana, a ideia será discutida em uma cúpula em Buenos Aires, com outros líderes da América Latina. No entanto, mesmo se confirmada, deverá demorar muitos anos para se concretizar. 

Os ministros Fernando Haddad e Sergio Massa afirmaram que, no caso da União Europeia, foram necessários 35 anos de estudos e discussões até a implementação do euro, que nunca contou com a presença do Reino Unido, embora ele tenha permanecido no bloco até o Brexit, em 31 de janeiro de 2020.

O presidente Lula se reuniu ontem com Alberto Fernández na Argentina para discutir laços de fortalecimento do Mercosul. Antes do encontro, foi anunciada a criação da moeda única. 

Em artigo conjunto publicado no periódico argentino Perfil, os mandatários confirmaram: “Pretendemos superar barreiras às nossas trocas, simplificar e modernizar regras e incentivar o uso de moedas locais. Também decidimos avançar nas discussões sobre uma moeda comum sul-americana que possa ser utilizada tanto para fluxos financeiros quanto comerciais, reduzindo os custos de operação e diminuindo a nossa vulnerabilidade externa”, disse o texto publicado pelos políticos.

Saiba: O real e o peso não devem ser extintos - Uma eventual moeda comum, nos moldes em que tem sido discutida, não acabaria com o real nem com o peso.

Diferentemente do euro, que é a moeda em circulação em vários países da União Europeia, essa moeda comum seria formatada para o propósito específico de ser usada em transações comerciais e financeiras entre os países, para que haja uma menor dependência do dólar.
 

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LOTERIA

Resultado da Lotomania de ontem, concurso 2731, quarta-feira (05/02): veja o rateio

A Lotomania tem três sorteios semanais, às segundas, quartas e sextas, sempre às 20h; veja quais os números sorteados no último concurso

06/02/2025 08h35

Confira o resultado da Lotomania

Confira o resultado da Lotomania Foto: Divulgação

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A Caixa Econômica Federal realizou o sorteio do concurso 2731 da Lotomania na noite desta quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025, a partir das 20h (de Brasília). A extração dos números ocorreu no Espaço da Sorte, em São Paulo, com um prêmio estimado em R$ 1,9 milhão. Nenhuma aposta saiu vencedora e o prêmio acumulou para R$ 2,6 milhões.

  • 20 acertos - Não houve acertador;
  • 19 acertos - 6 apostas ganhadoras (R$ 35.704,27 cada);
  • 18 acertos - 71 apostas ganhadoras (R$ 1.885,79 cada);
  • 17 acertos - 516 apostas ganhadoras (R$ 259,47 cada);
  • 16 acertos - 3154 apostas ganhadoras (R$ 42,45 cada);
  • 15 acertos - 13351 apostas ganhadoras (R$ 10,02 cada);
  • 0 acertos - Não houve acertador;

Confira o resultado da Lotomania de ontem!

Os números da Lotomania 2731 são:

  • 01 - 11 - 24 - 36 - 26 - 93 - 30 - 31 - 58 - 06 - 41 - 53 - 37 - 10 - 15 - 45 - 72 - 88 - 95 - 50

O sorteio da Lotomania é transmitido ao vivo pela Caixa Econômica Federal e pode ser assistido no canal oficial da Caixa no Youtube.

Próximo sorteio: Lotomania 2732

Como a Lotomania três sorteios regulares semanais, o próximo sorteio ocorre na sexta-feira, 7 de fevereiro, a partir das 20 horas, pelo concurso 2732. O valor da premiação vai depender se no sorteio atual o prêmio será acumulado ou não.

Para participar dos sorteios da Lotomania é necessário fazer um jogo nas casas lotéricas ou canais eletrônicos.

A aposta mínima custa R$ 3,00 para um jogo simples. 

O apostador  marca entre 50  números, dentre os 100 disponíveis no volante, e fatura prêmio se acertar 20, 19, 18, 17, 16, 15 ou nenhum número.

Há a possibilidade de deixar que o sistema escolha os números para você por meio da Surpresinha, ou concorrer com a mesma aposta por 2, 4 ou 8 concursos consecutivos através da Teimosinha.

Outra opção é efetuar uma nova aposta com o sistema selecionando os outros 50 números não registrados no jogo original, através da Aposta-Espelho.

Como jogar na Lotomania

Os sorteios da Lotomania são realizados às segundas, quartas e sextas-feiras, sempre às 19h (horário de MS).

O apostador  marca entre 50  números, dentre os 100 disponíveis no volante, e fatura prêmio se acertar 20, 19, 18, 17, 16, 15 ou nenhum número.

Há a possibilidade de deixar que o sistema escolha os números para você por meio da Surpresinha, ou concorrer com a mesma aposta por 2, 4 ou 8 concursos consecutivos através da Teimosinha.

Outra opção é efetuar uma nova aposta com o sistema selecionando os outros 50 números não registrados no jogo original, através da Aposta-Espelho.

O preço da aposta é único e custa  R$ 3,00.

Probabilidades

A probabilidade de vencer em cada concurso varia de acordo com o número de dezenas jogadas e do tipo de aposta realizada.

A aposta é única, com 50 dezenas, e a probabilidade de acertar 20 números e ganhar o prêmio milionário é de 1 em 11.372.635 segundo a Caixa.

Para 0 números, que a Lotomania também premia, a probabilidade é a mesma, de 1 em 11.372.635.

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CONTAS EM ATRASO

Lista do nome sujo em MS ganha mais 90 mil pessoas

Dados da Serasa apontam que o número de inadimplentes no Estado saiu de 1,039 milhão, em dezembro de 2023, para 1,129 milhão, no ano passado

06/02/2025 08h30

Mato Grosso do Sul terminou o ano passado com aumento de 8,6% no total de inadimplentes

Mato Grosso do Sul terminou o ano passado com aumento de 8,6% no total de inadimplentes Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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Mato Grosso do Sul terminou o ano passado com aumento de 8,6% no total de inadimplentes. De acordo com os dados do Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas da Serasa, enviados com exclusividade ao Correio do Estado, o número de inadimplentes saiu de 1,039 milhão, em dezembro de 2023, para 1,129 milhão, no último mês de 2024. Foram 90,2 mil pessoas a mais com o nome sujo no período de um ano. 

O número total de pessoas inadimplentes no Estado corresponde a metade da população economicamente ativa, que é de 2,147 milhões, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No comparativo bianual, a alta é ainda maior, chega a 14%. Em 2022, 991 mil pessoas estavam na lista do nome sujo.

Para os analistas ouvidos pelo Correio do Estado, o período pós-pandemia de Covid-19 agravou a situação de endividamento e inadimplência da população. O mestre em Economia Eugênio Pavão explica que muitas dessas dívidas se arrastam há alguns anos. 

“A pandemia trouxe muita dívida para a população, algumas não conseguem quitar essas contas, necessitando de recursos extras para isso, entrando em novas dívidas para pagar as antigas”, avalia.

Segundo o economista Eduardo Matos, o sistema financeiro brasileiro é bastante democrático, o que não é necessariamente ruim, mas pode ser prejudicial, em função da falta de educação financeira.

“Um acesso mais facilitado a instrumentos de crédito de alto risco, como os cartões de crédito e limite do cheque especial, que se tornam armas na mão do cidadão brasileiro. Porque, a partir do momento em que ele tem à sua disposição esse tipo de crédito, ele usará e, em muitos casos, usará até mesmo sem pensar ou vai interpretá-lo como uma extensão de sua renda, o que não é verdade”, considera Matos.

Ainda conforme os dados da Serasa, o valor médio das dívidas de cada inadimplente no Estado é de R$ 6.030, já o montante total passou para R$ 6,813 bilhões, a partir de 4,688 milhões de contas não pagas.

O relatório ainda detalha que a maioria (52,3%) dos inadimplentes em Mato Grosso do Sul são do sexo masculino, contra 47,7% do sexo feminino.

Nas faixas etárias, as pessoas com idade entre 41 anos e 60 anos são a maioria dos que têm contas em atraso (35%), seguidas da população com idade entre 26 anos e 40 anos (34,7%). Na sequência estão as pessoas acima de 60 anos (18,4%), e os que têm até 25 anos são os menos inadimplentes (11,8%). 

RENDIMENTO

Outro ponto mencionado pelos economistas é a baixa renda da população. Pavão aponta que entre os que ganham um salário mínimo o inadimplemento é ainda maior. 

“Os salários não dão conta dos pagamentos das necessidades básicas, mesmo com o aperto monetário, o salário mínimo não contempla as necessidades básicas”, conclui.

Matos ainda destaca que a inflação dos alimentos, que em Campo Grande foi a maior do País em 2024, chegando a 11,3%, ante os 8,23% registrados na média nacional. 

“Podemos, de certa forma, colocar essa culpa, por assim dizer, na inflação, em especial a de alimentos. Logicamente, as pessoas não vão deixar de se alimentar, não vão deixar de consumir alimentos, porque faz parte de algo essencial à vida humana. Então, a partir do momento em que há um aumento do preço dos alimentos, o brasileiro que já tem uma renda limitada passa a ter que decidir qual item vai consumir ou qual conta vai priorizar”, analisa o economista.

DICAS

A inadimplência ocorre quando uma pessoa ou empresa deixa de cumprir uma obrigação financeira dentro do prazo estipulado para pagamento. De acordo com a Serasa, esse atraso pode gerar diversas consequências negativas, tanto para o devedor quanto para a economia em geral.

Os economistas consultados pelo Correio do Estado apontam ser importante tanto tentar não entrar na lista de negativados quanto sair dela. Matos ressalta que o primeiro passo é o planejamento.

“É preciso se conhecer antes de qualquer tipo de atitude que deve ser tomada. E, no caso da educação financeira, é necessário ter o autoconhecimento de todas as receitas e todos os seus gastos para montar um orçamento. Dessa forma, fica mais fácil para a próxima etapa, sendo [ela] o corte de gastos”. 

“Aqueles que estão inadimplentes, infelizmente, não têm outra forma a não ser cortar gastos. Seja substituindo itens que são de uso corriqueiro por itens mais baratos, seja cortando realmente, sem qualquer tipo de substituto”, indica. 

O economista ainda pontua que só é indicado tomar um empréstimo caso os juros da linha de crédito sejam menores que os pagos para o credor original. 

“No entanto, isso é um equilíbrio. Uma taxa de juros menor geralmente implica em um prazo menor também. Então, é preciso ter essa noção do seu fluxo de entradas e saídas e adotar uma parcela que cabe no seu bolso, com uma taxa de juros atrativa. Todos esses itens devem ser pensados e devem ser pesados na hora de tomar uma decisão”, finaliza Matos.

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