Animais, flagrados pela Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais (DECAT) em condições precárias de saúde e higiene, permanecerão na sede do abrigo e serão submetidos a exames de sangue na próxima segunda-feira (8), pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), para diagnosticar possíveis doenças e iniciar os tratamentos necessários.
Será realizado um mutirão de limpeza na chácara onde os animais vivem, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pela Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (SISEP), para garantir um ambiente mais salubre para todos. No local, foram encontrados 212 cachorros e 12 gatos em situação precária de higiene.
Ação ocorre após a prisão das donas responsáveis pela Organização Não Governamental (ONG) Instituto Guarda Animal, P.S.B e N.S.B., ambas de 29 anos.
Conforme apurado pela reportagem, a ONG Guarda Animal é alvo de diversas denúncias, desde 2021, por poluição sonora (latido de cães), mau odor e perturbação do trabalho alheio.
Após queixas de vizinhos, uma equipe de investigadores da DECAT foi enviada a sede do abrigo, nesta quinta-feira (4), para averiguar os fatos.
A delegada, acompanhada de investigadores, peritos criminais e Vigilância Sanitária, realizou uma inspeção na propriedade, onde foram constatadas diversas irregularidades, como:
- Acúmulo de dejetos, causando mau cheiro e atraindo insetos
- Presença de moscas, mosquitos e larvas em piscina sem tratamento e em latas espalhadas no quintal
- Animais com parasitas, representando risco à saúde humana
- Vestígios de queima de lixo no quintal
- Descarte irregular de resíduos sólidos e medicamentos
- Omissão de cautela na guarda de animais ferozes
- Grande quantidade de animais com sarna, em ambiente inadequado
- Animais sem carteiras de vacinação ou com carteiras incompletas
- Gatos presos em um cômodo imundo, com larva de mosquito
- Fossa extravasando
Reportagem do Correio do Estado esteve, na manhã desta sexta-feira (5), na propriedade da Organização Não Governamental (ONG) Instituto Guarda Animal, localizada na Estrada EW5, bairro Chácara dos Poderes, em Campo Grande.
A reportagem foi recebida, no portão, por dezenas de cachorros, sob “melodia” de latido dos cães.
Alguns cachorrinhos estavam limpos, gordos e em bom estado de saúde. Mas, outros estavam sujos, com coceira, machucados, mosquitos ao redor dos olhos e sarna na pele viva.
A chácara, onde os animais vivem, é grande, possui casa com varanda e quintal gigantesco para os animais correrem. Na frente, é cercada por muros e na lateral por cerca de arame.
O Correio do Estado encontrou uma mulher na residência, aparentemente mãe das mulheres que foram presas na tarde de quinta-feira (4), mas, ela se recursou a conversar com a imprensa.
Morador que residente na mesma rua da propriedade, próximo a ONG, que não quis ser identificado, afirmou que o lar que abriga animais de rua não o incomoda em nada.
“Se esses animais não estivessem ali, eles estariam na rua. Para mim não incomoda em nada. Ao invés de ajudar, dar ração, remédio e água, as pessoas preferem atrapalhar denunciando. É fácil apontar o erro dos outros, ajudar ninguém quer”, desabafou o rapaz.
A DECAT pede doações de ração para cães e gatos, a fim de suprir as necessidades alimentares dos animais.
As doações podem ser entregues na Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista (DECAT), localizada na rua Sete de Setembro, 2421 - Jardim dos Estados, Campo Grande - MS, 79002-121.