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OPINIÃO

Jaceguara Dantas da Silva Passos: "Mulheres negras: vítimas da violência e exclusão"

Procuradora de Justiça

Redação

08/03/2016 - 00h00
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Dia 08 de março comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Essa data é um marco referencial da luta das mulheres pelo direito à igualdade de gênero, mas muito ainda existe para ser construído para que a almejada isonomia seja alcançada.

Mais recentemente, órgãos de defesa dos direitos das mulheres e setores da sociedade civil organizada, além de seguirem na perene luta pela igualdade, buscam fazer frente ao alarmante índice de violência contra as mulheres e meninas, com enfoque na prevenção e na eliminação deste tipo específico de violência, a qual custa milhares de vidas todos os anos.

Em 2006, foi sancionada a lei nº 11.340, conhecida como lei maria da penha, instrumento jurídico que visou coibir a violência doméstica e familiar praticada contra a mulher.

Já no ano de 2015, entrou em vigor a Lei nº 13.104, que alterou o Código Penal, passando a prever o feminicídio como um tipo de homicídio qualificado e incluí-lo no catálogo dos crimes hediondos, ou seja, os casos de violência doméstica e familiar e menosprezo e discriminação contra a condição de mulher são qualificadores do crime, passando os homicidas nessa condição estarem sujeitos a uma pena de 12 a 30 anos de
reclusão.

Todas estas leis objetivam dar efetividade ao artigo 226 da constituição federal, à convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres e à convenção interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher. 

Por sua vez, houve alteração do artigo 1° da lei n° 8972/90, lei dos crimes hediondos, vindo a ser o feminicídio nova modalidade deste, portanto, crime inafiançável. 

A criminalização da violência contra a mulher visa, acima de tudo, a utilização dos órgãos de justiça para proteger a mulher e responsabilizar os autores deste tipo específico de violência.

A lei ainda prevê as hipóteses de agravantes, acrescentando o § 7º ao código penal, que se concretizadas, aumentam o tempo da pena em 1/3. são eles: feminicídio ocorrido durante a gestação ou nos três primeiros meses posteriores ao parto; feminicídio contra menor de 14 anos, maior de 60 anos ou pessoa com deficiência; feminicídio na presença de descendente ou ascendente da vítima.

Dentre as mulheres vítimas de violência, inegável o reconhecimento da existência do fato de que referida violência atinge de forma brutal as negras, em muito maior proporção que as mulheres brancas, segundo os dados fornecidos pelo mapa da violência 2015 – homicídio de mulheres no brasil, organizado pela onu mulheres, pela secretaria especial de política para as mulheres – ministério das mulheres, da igualdade racial e dos direitos humanos, dentre outros, tendo como autor júlio jacobo waiselfisz . 

Os dados insertos neste importante relatório apontam que: as taxas de homicídios de mulheres brancas caíram para 11,9 por cento: de 3,6 por 100 mil brancas, em 2003, para 3,2 em 2013. por sua vez, as taxas referentes às mulheres negras cresceram 19,5 por cento, alterando-se, no mesmo período, de 4,5 para 5,4 por 100 mil. 
Analisando-se os índices de vitimização negra, que consiste na diferença percentual entre as taxas de homícidio de mulheres de ambos os grupos, verifica-se que a mulher negra, em 2003, era de 22,9%. isto equivale a dizer que, proporcionalmente, morriam assassinadas, 22,9 % mais mulheres negras do que brancas. 

Já em 2013, representando um aumento gradativo ao longo dos anos, o índice atinge a elevada taxa de 66,7%, ou seja, proporcionalmente, morrem assassinadas 66,7% mais negras do que brancas.

Nesta década houve um aumento de 190,9 por cento na vitimização de mulheres negras, sendo que o mencionado relatório pontua ainda que em alguns estados da federação como amapá, paraíba, pernambuco e distrito federal, os índices passam de 300 por cento.

Estes índices revelam uma realidade incontestável, embora ignorada pelo poder público e pela sociedade, a violência, em especial, o crime de homicídio atinge de forma mais grave a população negra no brasil.

Isto deve-se ao fato de os negros constituírem a base da pirâmide social, fazendo com que a mulher negra seja potencial vítima, mulher e negra, devendo esta realidade ter necessariamente uma abordagem de gênero, com o recorte racial.

Também exige dos operadores do direito um olhar diferenciado para esta realidade e impõe ao poder público a obrigação de instituir políticas públicas direcionadas a este segmento social de modo a modificar esta triste e lamentável, dando força jurídica vinculante ao conteúdo da constituição federal e aos tratados de direitos humanos, de forma a conferir concretude ao primado da justiça social e da dignidade da pessoa humana, fundamental em um estado democrático de direito.

editorial

A macroeconomia e o reflexo na vida real

O que chamamos de qualidade de vida, que muitas vezes parece apenas uma sensação é, em grande parte, resultado de indicadores macroeconômicos robustos

15/11/2025 06h30

Arquivo

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A economia pode parecer, muitas vezes, um assunto distante das preocupações imediatas do cidadão. Mas, na prática, é justamente o contrário. Os efeitos da microeconomia, aquilo que sentimos no dia a dia – preço do supermercado, reajuste do aluguel, salário que entra, contas que saem, taxas de juros que apertam –, são os primeiros sinais de que algo vai bem ou mal no País, no Estado ou até mesmo no bairro. É por meio da vida real que percebemos, antes de qualquer gráfico ou relatório técnico, como anda a saúde econômica ao nosso redor.

Nesta edição, mostramos que a fotografia mais recente do desempenho macroeconômico de Mato Grosso do Sul é positiva. Mesmo sendo uma fotografia de 2023 – dado o atraso natural das medições oficiais do IBGE –, ela revela um Estado forte, pujante e em ritmo acelerado de expansão. Os dados indicam que, naquele ano, Mato Grosso do Sul registrou o segundo maior crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Não é pouca coisa. Trata-se de um resultado que coloca o Estado entre os protagonistas da economia nacional e que, ao longo do tempo, repercute na vida de todos.

O crescimento acima da média nacional não é um episódio isolado. Há anos Mato Grosso do Sul mantém um ciclo consistente de expansão econômica, impulsionado por setores como agropecuária, indústria de transformação, energias renováveis e serviços. Pode parecer que essas cifras, medidas em bilhões, pertencem apenas ao campo técnico dos economistas. Mas a verdade é que esses números reverberam diretamente no cotidiano, ainda que nem sempre de maneira explícita.

Quem costuma viajar pelo País percebe com clareza essas diferenças. Em estados onde o PIB per capita é mais baixo, a renda disponível é menor, os salários são diferentes, os serviços oferecidos têm outro padrão e, até nos pequenos detalhes, o contraste é visível. A economia, afinal, molda comportamentos, oportunidades e expectativas de vida. O que chamamos de qualidade de vida – que muitas vezes parece apenas uma sensação – é, em grande parte, resultado de indicadores macroeconômicos robustos.

E qualidade de vida não se restringe ao bolso. Ela envolve segurança, mobilidade, acesso à saúde e à educação, tempo livre, bem-estar urbano. Tudo isso é micro: está na vivência de cada pessoa, em cada rua, em cada rotina. Mas para que esses aspectos se consolidem, há um custo, ou melhor dizendo, um investimento. Municípios e estados só conseguem garantir serviços melhores quando há desenvolvimento econômico suficiente para sustentar essa engrenagem.

Por isso, índices macroeconômicos positivos são mais do que uma boa notícia para especialistas. Eles se traduzem, ao longo do tempo, em oportunidades profissionais, valorização imobiliária, novos negócios, mais empregos formais, acesso a bens e serviços de melhor qualidade. Vai muito além da estatística, é um ciclo que reforça o desenvolvimento humano e social.

A expectativa, daqui para a frente, é que Mato Grosso do Sul consiga não apenas manter esse ritmo, mas aprofundá-lo. Crescimento sustentado exige planejamento, diversificação de setores e políticas públicas que estimulem inovação, qualificação profissional e competitividade. Exige, também, sensibilidade para garantir que o progresso não seja apenas macro, mas se reverta em melhorias concretas para a população.

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ARTIGOS

Vargas elegeu Dutra, Lula elegeu Dilma, e Bolsonaro elegeu Tarcísio

Umas maiores do que as outras, e todas nos remetendo à sua magia, aos seus encantos, desencantos, emoções, decepções, tormentos, angústias, mágoas e ressentimentos. São os rastros deixados pelos embates eleitorais

14/11/2025 07h45

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Essa é a fotografia mais explícita da política brasileira, ao evidenciar a força das suas maiores lideranças ao respaldarem os seus indicados para a conquista das principais posições majoritárias nas disputas eleitorais do nosso país.

Essa afirmação está esculpida nos anais da nossa história. Não tem como ser borrada. Cada eleição é única e sempre acompanhada das suas circunstâncias sempre desafiadoras. 

Umas maiores do que as outras, e todas nos remetendo à sua magia, aos seus encantos, desencantos, emoções, decepções, tormentos, angústias, mágoas e ressentimentos. São os rastros deixados pelos embates eleitorais.

Essas não são marcas deixadas nos nossos campos de batalhas eleitorais. Alcançam todas as nações civilizadas. Mas todas essas características de traços desafiadores precisam ser passageiras. Precisam também fazer parte das páginas viradas da história política dos seus protagonistas.

Os exageros eventualmente cometidos precisam ser debitados por conta de um sentimento que brota de cada qual e que tem por objetivo principal levar a luz, a prosperidade e o progresso para todos. Os exemplos magníficos de lideranças explícitas os temos em quantidade generosa.

Basta a citação de alguns deles, como estampado no título do presente artigo, para respaldar nossa assertiva. Felizardos que não disputaram uma única eleição e chegaram em postos importantes por meio das bênçãos dos seus padrinhos políticos.

Escorado nesse diapasão inteligente, ninguém tem o condão mágico de mudar o que já está esculpido nos anais da nossa história. Ninguém.

E nessa quadra de pensamento, a interpretação correta do desenho que está sendo arquitetado para o quadro político nacional em 2026 mostra como será a corrida eleitoral rumo ao Palácio do Planalto.

As enquetes de opinião pública realizadas pelos nossos principais instituto de pesquisas apontam que o ex-presidente Bolsonaro é o único candidato com credenciais para vencer o atual mandatário da nação.

As outras tantas e importantes lideranças que surgem nesse contexto não têm ainda essa força eleitoral esparramada em todos os quadrantes do território nacional para lograr esse intento nobre e generoso.

Nesse quadro, não existe outra alternativa a indicar outro caminho que não seja a polarização, por enquanto, já consagrada no seio da nação. Então, o quadro está definido, se não houver algum acidente de percurso.

Devemos deixar de lado as circunstâncias que escapam do radar da nossa mediana inteligência para exarar outro juízo de valor. Temos, então, nesse quadro o atual presidente da República, que já está em campanha e cantando sua vitória antecipadamente, e o outro, que mesmo segregado ainda está vivo e respira.

Tem a sua sobrevida respaldada pelos apoios que recebe das suas principais lideranças nas duas Casas do Congresso Nacional.

Dia desses; o coach e candidato derrotado à prefeitura de São Paulo (SP) Pablo Marçal postou em suas redes sociais uma afirmação provocativa.

Disse, com todas as letras, que o atual presidente da República dificilmente perde as próximas eleições porque está com o poder em suas mãos e ainda tem o apoio incondicional das principais instituições, que lhe dão a sustentabilidade que necessita para o cumprimento de um eventual quarto mandato. O empresário e político incorreu em ledo engano! Falou bobagem.

Desconheceu os retratos explícitos e apontados pela política nacional. Sua afirmação não tem alicerce para sustentar tamanha abrangência. A política é cheia de surpresas, de lances emocionantes.

Uma palavra mal colocada, aliada a confrontos desnecessários e um erro de interpretação sobre temas de grande interesse nacional, pode ocasionar a sua derrota.

Isso já aconteceu intra e extramuros. Agora é só aguardar os desdobramentos pela anistia ou ainda uma eventual decisão da Justiça favorável à sua indicação como postulante ao Palácio do Planalto.

Se isso ocorrer, a disputa será acirrada, voto a voto. Se não ocorrer e outro for o candidato apontado pelo ex-presidente para concorrer à Presidência da República, capaz de surpreender, então Vargas, Lula e Bolsonaro estarão rigorosamente empatados nas indicações dos seus indicados a se investirem na magistratura suprema da nação brasileira. Quem viver, verá esse desenlace! Acredite!

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