Há quem não abra mão da famosa "cerca viva" em casa, seja no muro ou em alguma parede externa no jardim. No entanto, um dos tipos mais conhecidos é a murta, que está proibida no Mato Grosso do Sul desde agosto de 2024.
Essa espécie de dama-da-noite, é hospedeira da bactéria causadora da doença dos citros, "denominada huanglongbing (HLB), que é uma das doenças mais graves e destrutivas da citricultura mundial, tendo em vista que ataca todos os tipos de citros e que, até o momento, não existe tratamento curativo para as plantas doentes".
Com isso, os moradores devem procurar outras opções e para ajudar, a equipe do Correio do Estado separou algumas espécies de cerca-viva para não haver erros na hora do plantio. Confira:

- Tumbérgia Arbustiva
Muito usada em jardins e cercas vivas, a tumbérgia arbustiva é uma planta de origem africana de porte médio e que produz flores compactas na cor azul com o centro amarelo. Esse arbusto pode ser cultivado em diversos climas, sendo assim uma planta muito versátil para decoração de casas e jardins.
Entre suas principais vantagens estão:
- Essa planta pode ser plantada em solo ou em vasos
- É excelente para formação de cercas vivas e renques junto a muros.
- Recomenda-se podas de formação
- Seu aspecto mais compacto é obtido em pleno sol
- Se desenvolve bem em meia sombra ou sol pleno
- Seu clico de vida é perene
- Pode chegar entre 1,8 metros a 2,4 metros
Podocarpus

O podocarpo, pertencente à família Podocarpaceae e popularmente chamado de "pinheiro-de-buda", é uma planta perene originária de regiões tropicais e subtropicais. Com folhagem verde-escura, brilhante e densa, mantém-se bonita e vibrante ao longo do ano, mesmo sob temperaturas mais baixas. É considerada uma das primeiras opções que vêm na ideia do jardineiro quando questionado sobre uma cerca-viva.
Essa planta pode atingir entre 3 e 10 metros de altura, dependendo da espécie e do ambiente em que é cultivada. Sua estrutura geralmente tem formato piramidal, e seus frutos pequenos e avermelhados também contribuem para o seu apelo ornamental.
Observações:
- Necessita de muito sol
- Quando usado em locais sombreados pode sofrer com ataque de pulgões e cochonilhas
- Não é aconselhável o plantio de mudas grandes no outono e inverno, porque a perda pode chegar até 50% das mudas

Clusia
A Clúsia (Clusia fluminensis), também conhecida como abaneiro, é uma espécie arbustiva, dióica, de folhagem densa, perenifólia e brilhante, conhecida por sua resistência a condições adversas, como salinidade e ventos fortes, e por isso largamente utilizada no paisagismo de áreas tropicais.
Essa planta se destaca como uma excelente escolha para a formação de cercas vivas devido ao seu caráter perene e ao rápido desenvolvimento. Durante o outono, a planta entra em florada, conferindo um charme adicional ao espaço onde está cultivada.
Ela também responde muito bem às podas de formação, permitindo tanto o controle do seu porte quanto a modelagem estética, o que a torna versátil para diferentes propostas de paisagismo.
Arundina

A arundina, também conhecida como orquídea-bambu, é uma planta herbácea perene que pertence à família Orchidaceae. De crescimento ereto e rápido, ela pode atingir entre 1,5 e 2 metros de altura, formando touceiras densas com aspecto semelhante ao do bambu - o que lhe confere um visual exótico e elegante.
Suas flores são delicadas e de coloração arroxeada com centro branco ou rosado e aparecem quase o ano inteiro, adicionando cor e leveza ao ambiente.
Por suas características de porte e volume, a arundina pode ser usada com sucesso na formação de cercas vivas, especialmente em jardins tropicais ou contemporâneos. Embora não ofereça a mesma opacidade de uma cerca convencional, ela é ideal para quem busca delimitar espaços com leveza e sofisticação, sem bloquear completamente a vista.
Bem resistente ao sol pleno e de baixa manutenção, torna-se uma excelente opção para paisagismo sustentável.
Bambusa

A bambuá (ou bambusa), conhecida cientificamente como Chusquea capituliflora, é uma espécie de bambu nativa do Brasil que se destaca pelo porte compacto e crescimento denso. Diferente de outras variedades de bambu, a bambuá apresenta colmos mais finos e não invasivos, o que a torna uma opção bastante controlável e segura para o uso em jardins residenciais e projetos de paisagismo.
Com folhas estreitas e delicadas, a planta forma moitas espessas que podem atingir entre 2 e 4 metros de altura, funcionando como uma excelente barreira visual e acústica. Justamente por essa densidade e pelo crescimento relativamente rápido, a bambuá é muito utilizada na formação de cercas vivas naturais. Ela proporciona privacidade com um visual leve, elegante e tropical.
É uma planta rústica, resistente ao sol pleno, e adapta-se bem a diferentes tipos de solo, desde que bem drenados. Também responde bem à poda de contenção, o que facilita a manutenção da forma e altura desejadas.
Hibisco

O hibisco é um arbusto ornamental muito valorizado por suas flores grandes, vibrantes e vistosas, que surgem em uma ampla variedade de cores que variam do vermelho intenso ao amarelo, rosa e branco. Originário de regiões tropicais e subtropicais, é uma planta perene que se desenvolve bem em locais de sol pleno e com boa circulação de ar.
Devido ao seu crescimento rápido e ao porte que pode atingir entre 2 e 4 metros, o hibisco é uma excelente escolha para cercas vivas que aliam beleza e função. As flores chamativas não apenas decoram o espaço, mas também atraem beija-flores e borboletas, contribuindo para a biodiversidade no jardim.
Principais benefícios:
- Floração abundante e prolongada ao longo do ano;
- Variedade de cores, que permite composições decorativas;
- Crescimento rápido e denso, ideal para formar barreiras visuais;
- Atrai polinizadores, ajudando no equilíbrio ecológico do jardim;
- Boa resposta à poda, podendo ser moldado com facilidade
Caliandra

A caliandra é uma planta arbustiva nativa do Brasil, conhecida por suas flores exóticas e chamativas, que lembram pequenos pompons, geralmente nas cores vermelha, rosa ou branca. Seu visual delicado e ao mesmo tempo marcante a torna uma excelente opção para quem deseja uma cerca viva com visual ornamental e naturalista.
Essa planta pode atingir entre 1,5 e 3 metros de altura, com ramagem densa e crescimento relativamente rápido. A caliandra é resistente, adapta-se bem a solos variados e floresce praticamente o ano inteiro em regiões de clima quente. É ideal para quem quer delimitar espaços sem abrir mão da leveza visual.
Principais benefícios:
- Floração contínua, com grande apelo estético;
- Atração de aves e insetos polinizadores;
- Aparência leve, mas com bom volume de folhagem;
- Tolerância ao sol pleno e a diferentes tipos de solo;
- Estilo mais natural, ideal para jardins ecológicos ou tropicais.
Murta proibida
Essa novela da novela da proibição em Mato Grosso do Sul começou em agosto de 2024, após o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) listar MS como com registro de ocorrência da chamada doença dos citros.
Após isso, deputados estaduais aprovaram um projeto de lei que proibia o plantio; comércio; transporte e produção de murta em MS, seguindo onda proibitiva que atingiu várias cidades Estado brasileiros, devido ao potencial destrutivo da hospedeira da doença.
Com a sanção pelas mãos do governador Eduardo Riedel saindo no fim de agosto, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) e Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) ficariam encarregadas de uma série de "próximos passos".
Seriam funções da Pasta:
- Fiscalizar e elaborar um plano de supressão e erradicação da murta em áreas próximas ao cultivo de citrícolas (com substituição por outra);
- Celebrar convênio de cooperação com outros órgãos para conscientizar a população;
- Gestão e operacionalização das medidas necessárias para o cumprimento do plano de supressão e de erradicação de todas as árvores da espécie exótica murta.
Além disso, a Semadesc pode impor condenação, apreensão e destruição da planta, bem como multar de acordo com a quantia em Unidade Fiscal Estadual de Referência de Mato Grosso do Sul (UFERMS).
Caso o infrator seja primário, a pena pode ser convertida em medida socioeducativa com participação em um seminário.
Prefeitura dá aval para erradicação de murta
A Câmara Municipal, em defesa da citricultura, aprovou por unanimidade o Projeto de Lei nº 51, que proíbe o plantio e determina a eliminação da murta em Três Lagoas.
Com esse passo, Três Lagoas espera consolidar uma política rígida em benefício da produção de citros em Mato Grosso do Sul. Já que o município abriga a produção da Cutrale, um dos maiores exportadores de suco de laranja do mundo.
Segundo dados da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), Três Lagoas possui cerca de 167 hectares de laranja plantados.
Para se ter ideia, em maio de 2024, a previsão para o município que ocupa a costa leste do Estado era de que a área ocupada pela citricultura pudesse chegar a 15 mil hectares. Isso ocorreu por conta do investimento de empresários paulistas.
Combate ao greening
Em Aparecida do Taboado, a população recebeu orientação da prefeitura para realizar a substituição da murta por outras plantas, com o objetivo de atrair mais empresas do ramo da citricultura.
recebeu representantes do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) para fortalecer as ações contra a doença que pode afetar a cadeia produtiva.
O engenheiro agrônomo do Fundecitrus, Éder José Cardoso, destacou que, como o município possui várias propriedades de citros, é importante que o controle sanitário seja rigoroso.
“É fundamental que os citricultores dessa região adotem medidas de controle nos pomares comerciais e ao redor das fazendas, realizem ações conjuntas e comprem mudas certificadas. Assim, os novos pomares crescerão saudáveis, e a citricultura da região continuará em expansão”, afirmou Éder José.
Vale da citricultura
Os produtores iniciaram a transferência da produção para Mato Grosso do Sul após terem tido as plantações afetadas nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná.
Para se ter ideia, o greening afetou quase 80% da produção na região conhecida como Cinturão Citrícola, em São Paulo, no ano de 2024.
O Triângulo Mineiro, que também faz parte do cinturão, embora tenha registrado uma incidência de casos menor que a de São Paulo, precisou ser monitorado, conforme levantamento da Fundecitrus.
Com isso, a Cutrale, que possui sede em Araraquara (SP), transferiu parte de sua produção para terras sul-mato-grossenses, com um investimento de R$ 500 milhões no plantio de 5 mil hectares em uma fazenda Aracoara, localizada entre Sidrolândia e Campo Grande.
Cabe ressaltar que a empresa já possuía pomares na região e, a depender da proporção da produção, uma indústria de processamento de suco de laranja no Estado pode ser viabilizada.
A expectativa, segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), é que, até abril de 2026, a fazenda da Cutrale tenha 4,8 mil hectares plantados, com estimativa de produção, em oito anos, de 8 milhões de caixas de laranja por ano.
A quarta a anunciar a vinda foi a Citrosuco, que possui sede em Matão (SP), com investimentos anunciados de R$ 2,1 bilhões.
Outros grupos, como o Junqueira Rodas, sediado em Monte Azul (SP), também estão investindo na plantação de laranja, enxergando o potencial de Mato Grosso do Sul, especialmente pela legislação firme no combate ao causador da doença huanglongbing (HBL), conhecida como greening dos citros.
O Grupo Junqueira Rodas, que, em abril de 2024, apresentou um projeto de plantio de 1,5 mil hectares nos municípios de Paranaíba e mais 2,5 mil Naviraí, ou seja, um total de R$ 400 milhões.
E o mais recente anúncio foi da empresa Cambuhy Agropecuária (Grupo Moreira Salles), que confirmou o investimento de R$ 1,2 bilhão no Estado, que é considerado o “novo cinturão citrícola” do Brasil.
**Colaborou Laura Brasil**