Acusado de práticas de estelionatos longe aproximadamente 427 quilômetros da Capital, um homem foi preso pela Polícia Civil na manhã de domingo (14) e com ele localizados vários indícios dos atos criminosos, como uma série de cartões eletrônicos e "chupa-cabras" que usava para aplicar os golpes que foram inclusive gravados no município.
Conforme divulgado pela PCMS em nota, a prisão aconteceu ontem (14) na Cidade Branca de Corumbá, contando com apoio da Delegacia de Polícia Civil de Ladário, horas após o homem ser flagrado por gravações de circuito interno de segurança.
Na agência da Caixa Econômica Federal localizada no número 1.388 da rua Cuiabá, região central de Corumbá, o homem foi flagrado nas imagens de videomonitoramento por agentes da Delegacia Especializada de Repressão a Roubo, Banco, Assaltos e Sequestro (Garras).
Em tempo real, os policiais repassaram as imagens do circuito interno da agência da Caixa Econômica Federal em que o homem aparecia abordando clientes.
Diante das informações, os agentes da Polícia Civil foram imediatamente ao local, onde o até então suspeito foi abordado e conduzido, sendo que já durante a primeira revista os policiais encontraram um grande indicativo de práticas criminosas.
Isso porque, ainda segundo a PCMS em nota, junto do homem os policiais acharam o dispositivo usado para "prender" os cartões das vítimas nos caixas eletrônicos.
Popularmente chamado de "chupa-cabra", além desse item os policiais localizaram ainda uma quantia de dinheiro além de um cartão bancário no nome de uma das vítimas.
Entenda
Com as investigações ainda em curso, a Polícia Civil ainda espera identificar e responsabilizar os demais integrantes da quadrilha, averiguando inclusive as dimensões dos prejuízos causados e o possível reflexo dos crimes também fora de Mato Grosso do Sul.
Dos detalhes repassados sobre a ação criminosa, as apurações revelaram o "modus operandi" que indicam uma "teia" complexa e sofisticada para obtenção dos lucros em cima das vítimas.
Isso porque, inicialmente os indivíduos prendiam o cartão da vítima no caixa eletrônico por meio do "chupa-cabra". Ao perceber o problema, era posteriormente abordada pelo suspeito que chegava para oferecer ajuda.
Com isso, ele fornecia para a vítima um número de suporte falso até que a pessoa se afastasse da máquina, momento em que aproveitava para tirar o cartão que, posteriormente, era usado em saques e diversas transações financeiras.
Após abordarem o suspeito na agência bancária no centro de Corumbá, os agentes levaram o homem até o hotel em que o suspeito estaria hospedado, onde foi possível localizar:
- R$ 2.000,00 em espécie
- Adesivos falsos com contatos de “suporte técnico”,
- Três dispositivos “chupa-cabra"
- Duas máquinas de cartão.
Ainda conforme detalhado pela Polícia Civil, era através dessa "central de suporte" que, em contato com a vítima, os criminosos se valiam das informações mais sensíveis e pessoais que permitiam a consumação dos golpes.
Com as imagens de videomonitoramento identificando o autor e uma das vítimas, essa pessoa foi conduzida até a delegacia e no mesmo dia do golpe reconheceu o autor.
Golpes em MS
Por definição do Código Penal, estelionato trata-se de "obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento".
Somente no ano passado mais de 14 mil pessoas foram vítimas de estelionato, prática essa que aparece com as mais variadas vertentes, como, por exemplo, com criminosos se passando inclusive por médicos e enfermeiros da Santa Casa - como bem abordou o Correio do Estado - para enganar familiares de pessoas que estão internadas em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Em janeiro deste ano, esse caso chamou atenção após a unidade da Santa Casa de Campo Grande vir à público alertar sobre a "nova" modalidade de golpe.
Pelos dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), referentes aos 12 meses de 2024, no ano passado houve um total de 14.342 pessoas vítimas de estelionato em Mato Grosso do Sul.
Além disso, há pelo menos três anos Mato Grosso do Sul mantém um volume anual de mais de 14 mil casos de estelionato, conforme os dados compilados pela Sejusp
Entre as modalidades de golpe denunciadas, aparecem, por exemplo:
- Golpe da CNH
- Golpe da Selfie
- Golpe da Visita de Natal
- Golpe do IPTU (boleto falso)
- Golpe do ingresso de show
- Golpe do Presente Maçônico
- Golpe das Bolsas de Luxo
- Golpe do Nudes
Por isso, é preciso estar atento pois, como bem abordou o Correio do Estado, estelionatários têm se passado até por "pecuarista galanteador que promete caminhonetes", usando até mesmo o celular do professor esfaqueado em 13 de dezembro, Roberto Figueiredo, para pedir dinheiro.
Em junho deste ano, por exemplo, uma sul-mato-grossense perdeu aproximadamente R$ 14 mil após cair no golpe do "falso advogado", já que aguardava o desfecho de uma ação judicial mas obteve um desfecho diferente do imaginado, após uma vídeo chamada feita através do Whatsapp, de um número que a vítima sequer conhecia.
Na ligação, o falso advogado disse para a vítima que a causa havia finalmente sido ganha, momento em que aproveitou para despejar uma série de "poréns" e requisitos para que a mulher recebesse a indenização.
Segundo o golpista, a mulher devia transferir valores referentes ao limite do cartão de crédito para uma conta do Banco Bradesco, sob a justificativa de que isso evitaria que ela pagasse imposto de renda.
A mulher então seguiu as orientações, inclusive criando uma conta em banco digital sob orientação dos golpistas, colocando links no aplicativo do banco antes de desconfiar e perceber que tudo não passava de um golpe.
Após transferências para a instituição de pagamento digital e outras duas contas de pessoas físicas, os valores enviados para o golpista somaram R$ 14.281,87.
O MPMS aponta justamente que, diferente dos crimes onde advogados passam a perna em ações ganhas e ficam com o dinheiro, abordados pelo Correio do Estado, os criminosos nesse caso sequer são profissionais habilitados.




