O Ministério Público de Mato Grosso do Sul incluiu aos autos do processo judicial os últimos momentos da morte de Sophia Ocampo, no dia 26 de janeiro do ano passado. O relatório sobre os últimos dias da criança em vida teve base em laudos após a perícia no celular de Christian Campoçano, padrasto e réu da morte da menina.
Os laudos eles detalham as últimas 24 horas de vida e abusos sexuais e físicos cometidos horas antes da morte de Sophia.
O roteiro que informa passo a passo foi realizado pelo juiz do caso, Aluízio Pereira dos Santos, após o casal, em recurso, apresentar suas contradições e as suas defesas pedirem que ambos sejam inocentados. O juiz também pediu para que o órgão se manifestasse, apresentando os laudos da perícia nos aparelhos celulares.
Os últimos dias de Sophia
Cronologia:
O roteiro sobre os últimos dias de Sophia foi apresentado pela promotora Ana Lara Camargo de Castro. Segundo o Ministério Público de Mato Grosso do Sul, contestou alguns pontos que foram apresentados pelos réus.
Um desses pontos contestados foram as falas de Christian que dormiu durante o ocorrido com a enteada e foi acordado por Stephanie, relatando que estava levando a menina até uma Unidade de Pronto Atendimento Comunitário (UPA).
25 de janeiro - 14h30:
Segundo a cronologia montada pelas conversas por aplicativos de conversa, por volta das 14h30, Christian enviou mensagem para Stephanie dizendo que estava irritado porque a internet da residência estava lenta e que não conseguia conectar aos jogos onlines.
Neste momento, o réu relatou que a vítima estaria chorando, avisou a Stephanie que a menina estaria “endemoniada”, e mandou a criança se deitar. A criança não obedeceu, o que gerou agressões que levaram a vítima a óbito.
Segundo a promotora do caso, a “tal conclusão se dá” porque algumas horas depois de relatar que estaria irritado, o réu enviou mensagens por volta das 18h, relatando que Sophia apresentava febre e quadro de vômito.
26 de janeiro - 18h
Após a mensagem relatando que Sophia estaria com febre e vomitando, Christian contou que ministrou soro e dois tipos de medicamentos, além de ter dado um pano para a criança não se sujasse, já que ela havia vomitado diversas vezes.
“Sophia foi agredida com tapas e “quebra-costela”, como forma de punir a vítima, agressões que eram seguidas de sufocamento como forma de interromper o choro da criança, cujo pranto era silenciado pela ânsia de respirar enquanto tinha seu rosto pressionado contra um colchão”, diz o relatório.
O documento relata as falas de Christian ao ver Sophia passando mal.
“Dá uns tapão nela, aí você vira a cara dela pro colchão e fica segurando porque aí ela para de chorar. É sério. Parece até tortura mais [sic] não é, porque aí ela fica sem ar para chorar e para de chorar. Entendeu?”, orienta o réu acusado, conforme relata o relatório do Gaeco.
26 de janeiro - 0h
Stephanie em companhia de um amigo, saiu em busca de remédios. Ela retorna algumas horas depois e Christian vai dormir por volta das 5h.
Segundo o documento, as percepções adicionais ora trazidas se mostram pertinentes, porque durante seu interrogatório, Christian apresentou versões fantasiosas a respeito do ocorrido. A princípio, por ter alegado que estava dormindo entre as 4h e às 16h do dia 26 de janeiro de 2023 (data do óbito), sob o efeito de drogas e álcool, segundo consta no relatório.
26 de janeiro - 16h:
O acusado relatou que teve conhecimento geral sobre o estado de Sophia somente nesse horário, quando foi acordado por Stephanie dizendo que a filha estava com a boca roxa e convulsionando.
26 de janeiro - 18h.
Christian após conhecimento da vítima estaria passando mal ele liga para a própria mãe dizendo que Sophia estava convulsionada e não conseguia respirar e que a menina seria levada para o Pronto Socorro.
Nos aparelhos celulares em que o MPMS teve acesso, mostra fotos sensuais de Christian deitado no mesmo ambiente em que Sophia estaria dormindo e que as imagens foram feitas nos dias 19 e 20 de janeiro, de 2023; sete dias antes da morte da criança.
Julgamento
Stephanie de Jesus e Christian Campoçano seriam julgados em júri popular em março, mas o caso foi remarcado para uma outra data a ser definida pelo MPMS. Mãe e padrasto vão responder pela morte de Sophia O'Campo, morta aos 2 anos, no dia 26 de janeiro de 2023.
Ambos devem responder por homicídio empregado por maneira cruel e motivo fútil. Christian deve também responderá por estupro e Stephanie, por omissão.
Relembre o caso
Sophia morreu no dia 26 de janeiro de 2023, após ser levada sem vida pela mãe à UPA do Bairro Coronel Antonino. De acordo com o prontuário médico legista, a causa da morte foi uma trauma na coluna cervical, que acabou evoluindo para um acúmulo de sangue entre o pulmão e a e a parede torácica.
Stephanie e Christian estão presos desde de janeiro do ano passado, aguardando julgamento.