Cidades

Amambai

Empresa limita pagamento e indígenas bloqueiam agência bancária

Acordo entre empresa e MPF limitava 10 pagamentos por dia

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Um grupo com cerca de 40 indígenas da etnia guarani-kaiowá bloqueou acesso de clientes a uma agência do Banco Brasil por não receberem pagamento pelos serviços prestados em Amambai, distante 342 km de Campo Grande.

De acordo com o site A Gazeta News, os indígenas são de várias aldeias do município e trabalharam por dois meses na colheita de maça no Rio Grande do Sul. Hoje, quando foram receber pelo serviço, foram surpreendidos pelo limite de pagamento imposto pelo banco, que era de apenas 10 trabalhadores por dia.

Segundo informações da Gazeta, o limite de dez pagamentos foi um acordo entre a empresa contratante do Rio Grande do Sul, Razip, e o Ministério Público Federal (MPF).

Lideranças disseram que devido a casos de extorsão quando o pagamento era feito em cheques, ficou acordado que o pagamento passaria a ser feito pelo Banco do Brasil por meio de ordem de pagamento.

Por conta da grande quantidade de pessoas para receber e a limitação em relação aos valores pagos, já que cada indígena recebe aproximadamente R$ 2,5 mil, o MPF e a empresa optaram por limitar o pagamento a 10 trabalhados por dia, tendo em vista que o pagamento de todos daria mais de R$ 120 mil, valor considerado elevado pelo porte da agência.

A informação teria sido repassada com antecedência aos indígenas. Porém, depois do pagamento dos dez primeiros e da informação de que o restante seria pago na próxima semana, o grupo que aguardava na fila iniciou manifesto e bloqueou a entrada da agência.

Equipes da Polícia Militar (PM) foram ao local para evitar tumulto. A Superintendência do Banco do Brasil em Mato Grosso do Sul informou que atenderia os indígenas que estavam na fila. Não há informações se todos foram atendidos.

Cidades

Advogada, irmã diz que Cezário é vítima de perseguição

Francisca Rosa de Oliveira saiu em defesa do irmão após ele ter sido preso novamente na manhã desta quarta-feira, pelo Gaeco

28/08/2024 09h15

Francisca Rosa de Oliveira, irmã de Cezário, se pronunciou nesta manhã, após nova prisão do

Francisca Rosa de Oliveira, irmã de Cezário, se pronunciou nesta manhã, após nova prisão do "imperador" do futebol de MS Marcelo Victor/Correio do Estado

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A irmã de Francisco Cezário, Francisca Rosa de Oliveira, saiu em defesa do irmão após ele ter sido preso novamente na manhã desta quarta-feira (28), na residência onde a família mora, em Campo Grande.

Segundo Francisca, o "imperador" do futebol estadual, investigado na Operação Cartão Vermelho, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), que apura o desvio de mais de R$ 6 milhões da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS), está sendo vítima, e não há provas de desvio de dinheiro.

"Até agora nós estamos sendo vítimas de uma coisa que nós não estamos nem sabendo, porque não existe nada que diga que houve esse desvio de dinheiro", disse Francisca, ao deixar a residência da família nesta manhã.

Vale lembrar que, conforme informado pelo Gaeco logo após a operação, realizada em maio, foram encontrados R$ 800 mil em espécie na residência de Cezário.

Francisca alega que não há envolvimento do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e nem da Federação Brasileira de Bancos (Febrapan) na investigação, o que estaria "descredibilizando" as ações do Ministério Público Estadual (MPE) e do Gaeco na investigação.

"A Coaf é quem realmente investiga desvios e atividades financeiras. Não existe Coaf, não existe Febrapan, não existe imposto de renda, Receita Federal, então ninguém entende o porquê desse tipo de ação", defende Francisca.

A fala também contradiz o que apontam as investigações do Gaeco, já que havia sido identificado que uma das formas de desvio de dinheiro era por meio de saques em espécie nas contas bancárias da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, em valores inferiores a R$ 5.000,00 justamente para que os órgãos de controle não fossem alertados.

Segundo o Gaeco, foram realizados mais de 1.200 saques, que somados ultrapassaram o valor de R$ 3 milhões.

Questionada sobre o que teria motivado a "nova prisão", a irmã disse não saber. No entanto, informações iniciais apuradas pela reportagem apontam que Cezário teria descumprido ordens judiciais, fato que, segundo Francisca, não procede.

"Nós estamos, inclusive, evitando todo e qualquer motivo para isso, pela idade dele, né? E pela saúde dele, que está fazendo fisioterapia. Ele está com má circulação nas pernas, é cardíaco, é uma pessoa doente e que está sendo vítima de tudo isso", conclui.

Relembre o caso

Cezário foi preso na manhã do dia 21 de maio deste ano, também em casa, por ser um dos alvos da Operação Cartão Vermelho, do Gaeco, que investiga o desvio de mais de R$ 6 milhões da Federação de Futebol de MS, somente entre os anos de 2018 e 2023. Somente na casa de Cezário, foram apreendidos mais de R$ 800 mil.

Menos de uma semana após a Operação, ele pediu afastamento do cargo.

Desde o dia 6 de julho, o "chefão" do futebol de MS teve liberdade concedida, com o uso de tornozeleira eletrônica por 90 dias, e proibição de contato com demais acusados e testemunhas.

Decisão da desembargadora Elizabete Anache, da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, também o proibia de se ausentar da comarca por mais de oito dias sem o prévio conhecimento e anuência do juízo natural, de mudar de endereço sem autorização e de comparecer à sede da FFMS, além de fazer qualquer atividade relacionada à federação.

A liberdade só foi concedida porque no dia 5 de junho, Cezário deixou o Presídio Militar com um princípio de infarto, e precisou realizar um cateterismo, procedimento que trata doenças cardíacas por meio da introdução de um tubo flexível, o cateter. O problema aconteceu logo após ele tomar conhecimento falecimento da irmã, Maria Rosa Cezário, de 81 anos, que morreu naquele mesmo dia, vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Histórico

Oficialmente, Cezário comandou a entidade futebolística pela primeira vez em 1987, 37 anos atrás. 

Neste período, ele ficou, em tese, fora do do comando da associação por quatro anos, entre 2001 a 2004, quando assumiu a prefeitura de Rio Negro, cidade distante 150 quilômetros de Campo Grande. Mesmo assim, controlava a Federação.

Cezário tentou reeleger-se prefeito, mas não conseguiu. Ele voltou para a FFMS e não saiu mais. Normalmente, ele concorre sozinho, sem adversários.

Votam nas eleições da FFMS dirigentes de associações (clubes profissionais), associações (clubes praticantes do futebol amador da capital e do interior) e ligas municipais amadoras. Em torno de 35 pessoas participam do pleito.

Segunda vez

A operação Cartão Vermelho não chega a ser uma novidade no histórico de Francisco Cesário. Ele já havia sido condenado, em 2009 em primeira instância e em 2010 a 2ª Turma Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) ratificou a decisão para que cumprisse pena de quatro anos e cinco meses, em regime semiaberto, por desviar algo em torno de R$ 56 mil Federação de Futebol.

De acordo com a assessoria de imprensa do TJ, à época Cezário foi denunciado pelo Ministério Público por ter supostamente transferido recursos da FFMS para a conta particular.

Dizia ainda a denúncia que parte do dinheiro o presidente investiu em campanha política, quando era candidato a prefeito da cidade de Rio Negro, no fim da década de 90.

Na época, a denúncia foi baseada em provas levantadas pela PF em meio a uma CPI que investigou as relações entre a CBF e a Nike.

Operação Cartão Vermelho

Na manhã de 21 de maio, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público de Mato Grosso do Sul, passou sete horas na Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul em ação para deflagrar a Operação Cartão Vermelho, que tinha como alvo não apenas o presidente da FFMS, Francisco Cezário, mas também demais integrantes de uma suposta organização criminosa envolvida em lavagem de dinheiro.

Segundo o balanço, divulgado pelo Gaeco, as investigações já aconteciam há 20 meses, e constataram que foi instalada na Federação uma organização criminosa que desviava valores recebidos do Governo do Estado (via convênio, subvenção ou termo de fomento) e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A quantia desviada era utilizada para benefício dos envolvidos no grupo, e não chegava a ser investida no futebol estadual.

"Uma das formas de desvio era a realização de frequentes saques em espécie de contas bancárias da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul – FFMS, em valores não superiores a R$ 5.000,00, para não alertarem os órgãos de controle, que depois eram divididos entre os integrantes do esquema", diz nota do Gaeco.

Usando desse mecanismo, os integrantes da organização realizaram mais de 1.200 saques, que somados ultrapassaram o valor de R$ 3 milhões.

A investigação também aponta que os suspeitos também possuíam um esquema de desvio de diárias dos hotéis pagos pelo Estado de MS em jogos do Campeonato Estadual de Futebol.

"Esse esquema de peculato estendia-se a outros estabelecimentos, todos recebedores de altas quantias da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul. A prática consistia em devolver para os integrantes do esquema parte dos valores cobrados naquelas contratações (seja de serviços ou de produtos) efetuadas pela Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul", explicou o Gaeco.

De setembro de 2018 a fevereiro de 2023, foram desviados da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul mais de R$ 6 milhões.

A operação batizada como “Cartão Vermelho” cumpriu 7 mandados de prisão preventiva, além de 14 mandados de busca e apreensão, nos municípios de Campo Grande, Dourados e Três Lagoas. Somente nesta manhã, foram apreendidos mais de 800 mil reais.

Saiba: O nome da operação, Cartão Vermelho, é autoexplicativo e faz alusão ao instrumento utilizado pelos árbitros para expulsar os jogadores que cometem faltas graves durante as partidas de futebol.

Colaborou: Neri Kaspary

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SEGURANÇA PÚBLICA

STJ manda soltar pai de Motinha, pecuarista apontado como chefe do tráfico na fronteira

Antonio Joaquim da Mota foi preso em Ponta Porã, em fevereiro deste ano, e trazido para a penitenciária federal na Capital

28/08/2024 09h00

 Antônio Joaquim Mota foi preso em fevereiro deste ano, em MS

Antônio Joaquim Mota foi preso em fevereiro deste ano, em MS Foto: Reprodução

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O pecuarista Antonio Joaquim da Mota, conhecido Tonho, que foi preso em Ponta Porã, em fevereiro deste ano, pela Polícia Federal (PF), por ligação com o tráfico internacional de drogas, teve o pedido de liberdade concedido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Em decisão monocrática, o ministro do STJ Reynaldo Soares da Fonseca determinou o relaxamento da prisão preventiva de Tonho, por constatar que “a defesa não foi intimada para apresentar contrarrazões ao recurso em sentido estrito interposto pelo Ministério Público contra decisão do magistrado de origem que indeferiu o pedido de prisão do paciente”.

“A Corte Regional não declinou qualquer motivação, no sentido da urgência ou do perigo da ineficácia da medida, que pudesse justificar a supressão das contrarrazões defensivas. [...] Pelo exposto, não conheço do mandamus. Porém, concedo a ordem de ofício para anular o julgamento do recurso em sentido estrito, com o consequente relaxamento da prisão preventiva”, determinou o ministro, em decisão do dia 15 de agosto deste ano.

Tonho é pai do narcotraficante Antonio Joaquim Mendes Gonçalves da Mota, conhecido como Motinha ou Dom, apontado como chefe de organização criminosa voltada ao tráfico internacional de drogas. 

Ele foi preso no dia 20 de fevereiro, em uma ação da PF que contou com o apoio da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).

“Na ação, foi cumprido um mandado de prisão que estava em aberto contra o indivíduo pelo cometimento de crimes como posse e tráfico ilegal de arma de fogo, tráfico de drogas e organização criminosa. A ação contou com o apoio da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública, a Sejusp, no transporte aéreo de Ponta Porã para Campo Grande”, informou a PF em nota à época.

Tonho saiu do flagrante direto para uma das celas da Penitenciária Federal em Campo Grande, onde ainda deve estar preso. A PF não confirma transferências de detentos, mas afirma que não recebeu documento determinando a soltura do patriarca do clã.

“No momento, a Polícia Federal não possui informações sobre o cumprimento da decisão do STJ relacionada à soltura do traficante Antonio Joaquim da Mota”, disse a PF, em nota ao Correio do Estado.

Segundo investigação da PF, o patriarca do clã Mota teria ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e, ainda, com o doleiro Dario Messer, condenado em 2022 a 13 anos de prisão, por lavagem de dinheiro.

Ele seria o dono de fazendas no Brasil e no Paraguai, principalmente na região de Pedro Juan Caballero, onde criaria entre 3 mil e 6 mil cabeças de gado.

As histórias envolvendo o clã Mota, porém, começaram antes de Tonho, com o pai dele, Joaquim Francisco da Mota, que, em 1960, mudou-se da Bahia para a fronteira de Mato Grosso do Sul (ainda Mato Grosso naquela época) com o Paraguai.

Na fronteira, o avô de Motinha teria iniciado a longa lista de atividades ilícitas da família com o contrabando de café. 

Mais tarde, teria entrado para o tráfico de drogas, ao lado de outros grandes nomes da região, com Fahd Jamil.

Só mais tarde é que Tonho tomou conta dos negócios, que agora divide com o filho, conhecido como Dom por causa do filme “O Poderoso Chefão”.

Além dos homens da família, as mulheres também são investigadas. A esposa de Tonho, Cezy Mota, e sua filha, Cecyzinha Mota, também enfrentam investigação no Brasil por lavagem de dinheiro.

Em 2019, o clã Mota foi alvo de uma operação da Polícia Federal, que prendeu Tonho e Cezy por conta de armamento encontrado na casa onde viviam.

Os mandados cumpridos na operação haviam sido expedidos pela 7ª Vara da Justiça Federal do Rio de Janeiro.

Na época, foram encontrados na residência dele dois revólveres calibre 357, um revólver calibre 32 e uma pistola calibre 380, além de mais de uma centena de munições escondidas.

Eles chegaram a ficar presos por posse ilegal de armas, mas foram soltos após o pagamento de fiança. 

MOTINHA

Até 2019, Antonio Joaquim Mendes Gonçalves da Mota, de 31 anos, não tinha grande envolvimento com a Justiça.

Porém, o que investigações da PF apontam é que ele figura como um dos grandes traficantes de Ponta Porã e que chegou a contratar serviços de um grupo paramilitar com experiência de atuação em conflitos internacionais para garantir a sua segurança, conforme matéria do Correio do Estado publicada em julho do ano passado. 

Identificado pelas autoridades brasileiras como Dom, como se autodenominava por conta do personagem mafioso Don Corleone, na região de Ponta Porã, ele também era chamado de Motinha. 

Ao contrário do pai, que foi preso neste ano, Motinha foi alvo de uma megaoperação da Polícia Federal em junho de 2023 (Magnus Dominus – Todo-poderoso, em latim), porém conseguiu fugir de helicóptero um dia antes da ação e segue foragido até hoje.

Depois disso ele já teve outros mandados de prisão expedidos, mas a PF ainda não identificou sua localização para conseguir cumpri-los.

Saiba

A última vez que Antonio Joaquim Mendes Gonçalves da Mota, o Motinha, teve um mandado de prisão expedido foi nas operações Prime e Sordidum da PF, em maio deste ano. 

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