Uma das principais artérias de Campo Grande, a Avenida Ernesto Geisel se tornou, há muitos anos, um ponto de sérios problemas para quem transita por ela. Um dos trechos mais problemáticos, a erosão localizada em frente ao ginásio Avelino dos Reis, o Guanandizão, deve completar 15 anos sem uma solução por parte da Prefeitura de Campo Grande.
Isso porque o projeto de recuperação do trecho foi apresentado para o Ministério do Desenvolvimento Regional e para a bancada federal com a intenção de que fosse executado em 2023.
Entretanto, nenhum dos dois grupos abraçou a ideia, e a solução do problema deve ficar para 2024, isso se a Pasta se interessar ou se uma emenda for apresentada para que a construção entre no orçamento daquele ano.
“O projeto era chegar até a Manoel da Costa Lima [com os paredões], mas não conseguimos recurso para isso ainda. Temos tentado com o governo federal e também com a bancada, mas não entrou para esse orçamento, provavelmente agora somente para o [orçamento] de 2024”, afirmou o titular da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), Rudi Fiorese.
Em nota, a prefeitura seguiu o posicionamento do secretário. “A prefeitura está buscando junto ao governo federal recursos para estender a revitalização até a Avenida Manoel da Costa Lima”.
Segundo Fiorese, quando foi feito o projeto, a estimativa de custo para o trecho entre a Rua do Aquário e a Avenida Manoel da Costa Lima seria de R$ 70 milhões, valor que a administração municipal alega não ter nos cofres públicos para destinar a esta obra. Ainda conforme o secretário, a única solução para a erosão, que existe desde 2009, seria uma obra de colocação de paredões, o que, inclusive, conteria o desabamento da pista.
Os primeiros problemas na região foram sentidos após forte chuva em 2009. Na época, manilhas foram colocadas no local onde o trecho começou a desmoronar. Hoje, porém, a erosão já engoliu uma das pistas praticamente inteira naquele trecho.
Apesar de a prefeitura afirmar que o trecho é monitorado frequentemente e que a erosão não tem evoluído, a própria reportagem do Correio do Estado flagrou, há um ano, que o desabamento no trecho era menor que a situação atual, que já avança para a segunda pista da avenida, quase engolindo a sinalização colocada no trecho para evitar acidentes.
RELICITAÇÃO
Outro trecho, localizado entre as ruas da Abolição e do Aquário, deverá ser relicitado pela Prefeitura de Campo Grande porque a empresa responsável, Dreno Engenharia, não concluiu a obra e optou por entregar a licitação.
Segundo a administração municipal, isso ocorreu por conta dos recorrentes atrasos nos pagamentos feitos às empreiteiras por parte do governo federal. Outro fator que colaborou foi o aumento dos custos da construção civil durante a pandemia da Covid-19.
Porém, mesmo com esses problemas, há meses a prefeitura ainda não deu seguimento para encontrar outra empresa interessada na obra, e o informado é sempre o mesmo, que a planilha de custos está em processo de atualização.
“A prefeitura está fazendo a atualização das planilhas de custos para licitar a conclusão das obras de recomposição da margem esquerda do Rio Anhanduí, entre as ruas da Abolição e do Aquário. Será necessária uma nova concorrência, porque as empresas que venceram o primeiro certame pediram rescisão de contrato.
O primeiro lote das obras [entre as ruas Santa Adélia e da Abolição] está concluído. Também foi revitalizada a margem direita até a Rua do Aquário, trecho contratado”, disse a administração por meio de nota.
A atualização da planilha é feita, pelo menos, desde de julho deste ano, conforme matéria do Correio do Estado daquele mês. Mesmo com todo esse tempo, ainda não há previsão para que a relicitação seja publicada. No ano passado, Fiorese afirmou que o trecho a ser finalizado correspondia a cerca de R$ 25 milhões do valor da licitação, feita em 2018.
“Não tem como fazer uma estimativa, porque tem coisas que dobraram de preço, outras que aumentaram menos, então só quando a planilha for atualizada saberemos”, disse o secretário à época.
De acordo com a Sisep, resta cerca de 40% da área para ser relicitada, já que, na margem direita da via (no sentido centro-bairro), foi feito o paredão de gabião e colocadas grades de proteção. Na outra margem, aproximadamente 10% do paredão foi concluído.
LICITAÇÃO
A obra deveria ter sido concluída há, pelo menos, dois anos, pois a licitação que escolheu as empresas é de 2018. Na época, conforme publicação do Diário Oficial de Campo Grande (Diogrande), a Gimma Engenharia executaria a revitalização na Ernesto Geisel no trecho entre as ruas Santa Adélia e da Abolição, com o custo de R$ 13,1 milhões.
Os outros dois lotes, que ficaram a cargo da Dreno Engenharia, foram licitados por R$ 13,4 milhões e R$ 21,9 milhões. Porém, ao longo dos anos, os três contratos receberam aditivos por parte da prefeitura, passando a totalizar cerca de R$ 53,1 milhões.