Entre o fim deste mês e o começo de outubro pode ser registrada queda no número de casos da Covid-19 tanto em Campo Grande como em Mato Grosso do Sul.
Segundo o médico infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Julio Croda, a tendência é de que a estabilização se mantenha neste mês e que essa queda se inicie nesse período.
“A tendência para setembro no Estado de Mato Grosso do Sul, por enquanto, é de estabilidade. A gente não sabe por quanto tempo ficaremos nesse padrão de estabilidade em número de casos e de mortes em relação à média móvel”, avalia.
Ele prossegue destacando que o Estado já atingiu o platô da pandemia, ou seja quando boa parte da população já foi infectada.
“É difícil prever até o fim de setembro, eu acredito que a gente não vai ter um aumento importante em termos de número de casos e de óbitos. A gente vai permanecer nesse platô e em algum momento no mês de setembro ou outubro a gente vai ter uma queda no número de casos e de óbitos na cidade de Campo Grande, que é o epicentro da doença, e em todo o Estado”, avaliou o pesquisador.
Atualmente, em Mato Grosso do Sul a média móvel diária de casos é de 751 e praticamente metade vem de Campo Grande, com 321 casos por dia, conforme a média móvel apresentada nesta sexta-feira (4) pelo governo do Estado.
A média móvel é feita usando os dados do dia somados com mais seis anteriores e divididos por sete, o que dá uma dimensão real de como anda a evolução da pandemia.
Desde o mês passado, a média de casos tem se mantido acima de 600 por dia no Estado e 300 na Capital.
“A gente está vendo a diminuição do número de casos reportados diariamente e a tendência de diminuição do número de casos é o de óbitos também cair. Ainda não atingiu aquela porcentagem de 15% de variação da média móvel, mas está muito próximo disso, então eu acho que a próxima etapa é ter queda no número de casos e de óbitos”, disse Croda.
Porém, segundo ele, a queda real dos casos e mortes depende também das medidas preventivas adotadas pelas pessoas.
“É muito difícil de prever quando isso vai acontecer, porque depende muito da dinâmica local e da população manter as medidas preventivas, como o uso de máscara, o distanciamento e a lavagem frequente das mãos”.
ALERTA
Durante a transmissão dos dados do boletim epidemiológico do Estado, a secretária-adjunta da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Crhistinne Maymone, afirmou que se preocupa com o feriado prolongado deste fim de semana, já que segunda-feira (7) é feriado da Independência do Brasil.
“Estamos em todas as macrorregiões de saúde com circulação viral alta, é necessário deixar claro para as pessoas que as vacinas que a gente tem no momento são as nossas atitudes, o distanciamento social, a diminuição da mobilidade”, frisou.
A secretária-adjunta recomendou que as pessoas evitem viagens e demonstrou preocupação com um eventual aumento de casos.
“Neste momento não é possível, neste momento nós temos que ter distanciamento social, usar máscaras e regras de higiene. Eu fico muito preocupada com os dados daqui a 14 dias, depois que as pessoas fazem as movimentações. Para ficar bem claro para todo mundo, nós não estamos em curva descendente”, concluiu.
DOURADOS
Na quinta-feira, o governo do Estado afirmou que Dourados está com uma nova onda de casos.
A cidade chegou a ser o epicentro da doença em Mato Grosso do Sul e a ter maior quantidade de mortes do que a Capital.
Depois que medidas mais rígidas foram implantadas, esse número caiu, entretanto, com a reabertura das atividades, mais casos começaram a ser notificados diariamente na cidade.
Para o infectologista, o que pode ter colaborado para esses novos casos foi o relaxamento de cuidados de higiene pessoal e distanciamento.
“É bom manter as recomendações de prevenção”. Ainda segundo o médico, esse pode ser um alerta para que não se repita o mesmo em Campo Grande.
Apesar da tendência de queda, nesta sexta-feira foram registrados 831 casos novos e 24 mortes, sendo 7 em Campo Grande. A média móvel de mortes no Estado está em 14 por dia e 6,6 na Capital.
Mato Grosso do Sul contabiliza, ao todo, 52.406 casos do novo coronavírus, e até esta sexta-feira 931 pessoas morreram em decorrência da doença. São 22.688 casos em Campo Grande, que resultaram em 385 óbitos.