Bebê prematuro de seis meses, que nasceu vivo anteontem à tarde, no Hospital Universitário (HU), em Campo Grande, foi tido como morto por cinco horas e ressuscitou. O menino nasceu duas vezes, ou seja, saiu da barriga da mãe vivo, morreu, mas reviveu já perto de o corpo ser levado para o necrotério, segundo informações da família. A criança em questão nasceu com peso de 450 gramas e 25 centímetros de altura, tamanho de um palmo, metade do comprimento do bebê nascido numa gestação normal, de nove meses. O menino ia se chamar Kauã Ismar, mas depois do episódio do ressuscitamento, o pai, o topógrafo Rafael dos Santos Dionízio, 22, mudou de ideia e prometeu registrar o filho com o nome de Kauã Lázaro. A intenção dele é fazer uma comparação àquela passagem bíblica em que Lázaro, amigo de Jesus Cristo, foi ressuscitado quatro dias depois de morrido.
“Ismar era uma homenagem a meu pai, agora, Lázaro, pelo milagre que aconteceu com meu filho”, disse ontem Rafael Dionízio, logo depois de ver o filho, internado no HU. Rafael disse que na quinta-feira passada a mulher Michele Costa, 17, com quem casou-se há oito meses, foi à unidade de saúde do Conjunto Aero Rancho fazer um exame de rotina. “A ideia era saber por meio do ultrassom o sexo do bebê para fazermos o chá de fralda, comprarmos o enxoval da criança”, afirmou o rapaz. No posto de saúde, o médico que atendeu a gestante disse que algo de errado ocorria na gravidez de Michele, segundo o pai. Dali, ela seguiu para o Hospital Universitário, onde o diagnóstico médico sacudiu mulher, marido, que teve de retornar às pressas de Corumbá, onde cumpria tarefa do emprego, e as duas avós da criança.
“Disseram [médicos] que o rim da criança estava comprometido e também foi diagnosticado má formação do pulmão. E que a chance de vida dela era zero por cento”, disse Maria Rosa, mãe de Michele. “Os médicos informaram que a criança devia ser tirada, do contrário a mãe corria risco. O que aconteceu surpreendeu até os médicos. Graças a Deus e a eles [médicos]”, contou Azenith Sena, mãe de Rafael. Anteontem à tarde, Michele foi levada para o HU e, por volta das 16 horas, teve o bebê por meio da cesariana. “Ela saiu da cirurgia chorando. Foi avisada que a criança tinha morrido logo depois de nascer”, revelou Rafael. O pai disse ter ficado na recepção do hospital, aguardando relatório médico sobre o estado de saúde da mulher. “Lá por volta das 21h recebi a informação de que o meu filho estava vivo”, afirmou o rapaz, sorridente, que não dormiu mais naquela noite.
“O bebê nasceu vivo, morreu e os médicos tentaram reanimá-lo, mas não deu. O corpo dele já ia para o necrotério, quando um dos enfermeiros ou médicos percebeu a criança se mexendo. Isso foi um milagre de Deus”, disse a avó Azenith. Ontem à tarde o pai e as duas avós foram para o hospital e saíram de lá felizes, embora ainda comedidos quanto ao histórico clínico do bebê. “Cada dia será uma vitória na vida dele [Kauã, o bebê]. Estou com o pé no chão, Deus tudo pode”, disse animada Maria Rosa, outra avó do bebê. Ontem à tarde, segundo a família do bebê, Kauã Lázaro, que nasceu com 450 gramas, já pesava 465 gramas. “Para Deus nada é impossível. Cada dia será uma vitória, não vamos alimentar expectativas, para Deus nada é impossível”, repetiu a avó Maria Rosa.