Uma mulher de 37 anos, o filho de 14 e a mãe dela, de 83, foram mortos a facadas na madrugada desta segunda-feira (10), na residência que ainda foi incendiada, na Rua Izidro Cipriano da Cruz, no bairro José Souza Brandão, em Rochedo.
Em conversa com o Correio do Estado, o delegado Jarley Inácio de Souza informou que o ex-namorado da vítima, de 31anos, foi ouvido na delegacia e permanece preso, enquanto a equipe traça, no município, os passos dele.
“Nós o ouvimos em declaração, estamos fazendo diligências. Provavelmente, tudo se encaminha para a efetivação da conversão da prisão em preventiva”, informou o delegado.
As vítimas são a ex-namorada, Rosimeire Vieira de Oliveira; o filho dela, Bruno de Oliveira Gonçalves; e a avó do menino, Irailde Vieira Flores de Oliveira.
Os corpos passaram por perícia, que indicou que a idosa de 83 anos levou pelo menos seis facadas, no pescoço e tórax, e o adolescente de 13 anos, três, no pescoço e região cervical.
No corpo de Rosimeire ainda não foi possível determinar quantas facadas ela levou, devido à carbonização. Exames de tomografia devem auxiliar no processo.
“O fato é: até 20 minutos atrás a gente não sabia se teria sido acidente ou crime. Então, com o resultado preliminar da perícia, identificamos que houve crime. As vítimas sofreram perfurações por faca. Agora estamos diante de um crime”, pontuou o delegado.
Para eliminar todas as possibilidades, foi solicitada perícia complementar especializada ao setor de engenharia elétrica, perícia papiloscópica dos objetos do local, o exame necroscópico das vítimas e o teste de luminol na casa da vítima.
“Após a confirmação do médico-legista de que houve perfuração por faca, pedi também o luminol para a gente tentar estabelecer a dinâmica do fato.”
Cada corpo, conforme disse o delegado, estava em um cômodo, em uma cena que chama atenção, pois ninguém da vizinhança ouviu gritos ou pedidos de socorro, apenas um telefonema feito pela vítima para uma amiga, em que ela disse que “tinha alguém na casa”, mas sem identificar a pessoa.
Histórico de violência
O ex-namorado, segundo o delegado, tem histórico de violência doméstica com outra vítima; no entanto, não há registro feito por Rosimeire durante os quatro meses de namoro.
“Ele nega, dá outro álibi. Estamos em diligência. A gente quer encontrar a história cronológica dos fatos; já foram ouvidas algumas testemunhas, algumas pessoas, para corroborar essa versão.”
Fogo
O chamado triângulo de fogo, que indica onde o incêndio começou, ainda não foi determinado. A perícia segue fazendo testes, e a previsão é que, até o final da tarde, o resultado indique o local.
“O foco suspeito de ter originado o triângulo de fogo são dois quartos: o da senhora e o do menino. Mas ainda não se sabe qual combustível foi utilizado ou se houve alguma outra situação.”
O suspeito segue preso e pode ter a prisão preventiva decretada. Caso o crime seja confirmado, será o 35° feminicídio registrado em Mato Grosso do Sul.
Somente na última semana, o Estado registrou duas vítimas de feminicídios em menos de um dia em duas cidades do interior: Aline Silva, de 26 anos, foi morta a facadas em Jardim; e Mara Aparecida do Nascimento Gonçalves, de 43 anos, em Aparecida do Taboado.
Cronologia dos casos em MS
O primeiro caso de 2025 sendo a morte de Karina Corin, de 29 anos, nos primeiros dias de fevereiro, baleada na cabeça pelo ex-companheiro, Renan Dantas Valenzuela, de 31 anos.
Já o segundo feminicídio deste ano em MS foi a morte de Vanessa Ricarte, esfaqueada aos 42 anos, por Caio Nascimento, criminoso com passagens por roubo, tentativa de suicídio, ameaça, além de outros casos de violência doméstica contra a mãe, irmã e outras namoradas.
No terceiro caso, a vítima foi Juliana Domingues, de 28 anos, assassinada com golpes de foice pelo marido, na noite do dia 18 de fevereiro, na comunidade indígena Nhu Porã, em Dourados, município localizado a 226 quilômetros de Campo Grande.
Quatro dias depois, no dia 22 de fevereiro, Mirieli dos Santos, de 26 anos, foi a quarta vítima do ano, morta a tiros pelo ex-namorado, Fausto Junior, no município de Água Clara - localizado a 193 km de Campo Grande.
No dia seguinte, Emiliana Mendes, de 65 anos, foi morta no município de Juti, localizado a 310 km de distância de Campo Grande. A vítima foi brutalmente atacada pelo suspeito, que, após esgana-la, arratou seu corpo até uma residência e colocou em cima de um colchão, a fim de simular uma eventual morte natural.
O sexto caso de feminicídio registrado em 2025 foi o de Giseli Cristina Oliskowiski, morta aos 40 anos, encontrada carbonizada em um poço no bairro Aero Rancho, em Campo Grande. O crime aconteceu no dia 1º de março;
O sétimo aconteceu em Nioaque e trata-se do feminicídio de Alessandra da Silva Arruda, em 29 de março, morta aos 30 anos por Venilson Albuquerque Marques, preso em flagrante horas depois convertida posteriormente para preventiva.
Já o oitavo feminicídio foi o de Ivone Barbosa da Costa Nantes, morta a golpes de faca na região da nuca pelas mãos do então namorado no assentamento da zona rural de Sidrolândia batizado de Nazareth, em 17 de abril.
O nono caso foi registrado com o achado do corpo de Thácia Paula Ramos de Souza, de 39 anos, encontrado na tarde do dia 14 de maio, no Rio Aporé, em Cassilândia-MS, segundo divulgado pela Polícia Civil. De acordo com as informações, o crime aconteceu no dia 11 de maio.
Já o décimo caso, foi o de Simone da Silva, de 35 anos, na noite do dia 14 de maio, morta a tiros na frente dos próprios filhos por William Megaioli da Silva, de 22 anos, que se entregou à polícia ainda com a arma em mãos.
No 11º feminicídio de Mato Grosso do Sul, a vítima foi Olizandra Vera Cano, de 26 anos, que foi assassinada com golpes de faca no pescoço pelo marido de 32 anos, no dia 23 de maio. O autor acabou preso em flagrante, na cidade de Coronel Sapucaia, a 395 quilômetros de Campo Grande.
O 12º caso caso aconteceu no dia 25 de maio, no Hospital Regional de Nova Andradina, e vitimou Graciane de Sousa Silva, que foi vítima de diversas agressões durante quatro dias seguidos, na cidade de Angélica, distante aproximadamente 275 quilômetros de Campo Grande.
Seguindo a sequência, Vanessa Eugênia Medeiros, de 23 anos, e a filha Sophie Eugênia Borges, de apenas 10 meses, foram as 13ª e 14ª vítimas de femicídio, em Mato Grosso do Sul. As duas foram mortas e queimadas no dia 26 de maio, no bairro São Conrado, em Campo Grande. O autor do crime, João Augusto Borges, de 21 anos, que era marido de Vanessa e pai de Sophie confessou o duplo homicídio, e afirmou que o cometeu pois Vanessa queria se separar e ele não queria pagar pensão para a filha.
Já a 15ª morte por feminicídio em Mato Grosso do Sul neste ano, foi a de Eliane Guanes, de 59 anos, que foi queimada viva pelo capataz Lourenço Xavier, de 54 anos. De acordo com as informações, ele jogou gasolina no corpo de Eliane e ateou fogo na mulher, em fazenda na região da Nhecolândia, no Pantanal de Corumbá, onde os dois trabalhavam. O crime aconteceu na noite do dia 6 de junho.
Doralice da Silva, de 42 anos, foi a 16ª vítima de 2025, morta a facadas no dia 20 de junho, após uma discussão com o companheiro Edemar Santos Souza, de 31 anos, principal suspeito. O crime ocorreu na Rua dos Pereiras, na Vila Juquita, em Maracaju, a cerca de 159 quilômetros de Campo Grande.
A 17ª vítima foi Rose Antônia de Paula, foi encontrada morta e praticamente decapitada, em uma casa em Costa Rica no dia 28 de junho. Rose era moradora de Bonito e pretendia retornar para a cidade no dia do crime. Entretanto, vizinhas estranharam o fato de ela não ter aparecido para tomar café em uma lanchonete que costumava frequentar. Pouco tempo depois, ela foi encontrada morta.
No dia 4 de julho, a 18ª vítima foi Michely Rios Midon Orue, de 48 anos, morta a facadas pelo próprio filho, de 21 anos, que era esquizofrênico. O crime aconteceu no município de Glória de Dourados, distante aproximadamente 260 quilômetros de Campo Grande. A vítima foi morta com pelo menos cinco facadas, sendo o golpe fatal desferido na região da jugular.
O 19° caso aconteceu no dia 25 de julho, com a morte de Juliete Vieira, de 35 anos, que foi esfaqueada pelo irmão, Edivaldo Vieira, de 41 anos. O crime aconteceu na cidade de Naviraí, distante aproximadamente 359 quilômetros de Campo Grande.
Na sequência da estatística dos feminicídios registrados desde o início, a 20.ª vítima foi a professora Cinira de Brito, morta por Anderson Aparecido de Olanda, de 41 anos, que esfaqueou a companheira com dois golpes na perna, três no abdômen e depois tirou a própria vida.
Já a 21ª vítima de feminicídio em 2025 foi Salvadora Pereira, de 22 anos, assassinada com tiro no rosto pelo então companheiro, José Cliverson Soares, 32 anos, na frente de cerca de cinco crianças com idades entre dois e oito anos.
Depois, o 22° caso de feminicídio foi a morte de Dahiana Ferreira Bobadilla, morta aos 24 anos por Dilson Ramón Fretes Galeano, de 41 anos, que fugiu após enterrar o corpo em cova rasa às margens do Rio Apa, em Bela Vista.
Já a 23ª vítima de feminicídio em 2025 no Mato Grosso do Sul foi Letícia Araújo, de 25 anos, atropelada de propósito pelo marido, Vitor Ananias, 25, como registrado pelas câmeras de segurança da região.
Após ser mantida em cárcere privado pelo entção marido, Érica Regina Mota, de 46 anos, foi a 24ª vítima de feminicídio em 2025 no Mato Grosso do Sul, morta a facadas por Vagner Aurélio, de 59 anos, preso em flagrante poucas horas depois.
O 25° feminicídio registrado foi o de Dayane Garcia, de 27 anos, que morreu na Santa Casa de Campo Grande depois de passar 77 dias internada, após ser ferida a tiros pelo ex-marido Eberson da Silva, de 31 anos, ainda em 18 de junho.
O 26° caso foi o de Iracema Rosa da Silva, morta aos 75 anos em Dois Irmão do Buriti, por defender a filha do genro que cometia violência doméstica.
Caso confirmado, o 27° feminicídio será o de Gisele da Silva Saochine, morta aos 40 anos pelo marido no quintal de casa. Em seguida, ele a arrastou para o quarto e a incendiou. Depois, foi para o carro que estava na garagem, e colocou fogo em si mesmo, morrendo carbonizado.
O 28° foi o de Ana Taniely Gonzaga de Lima, de 25 anos, morta em Bela Vista, pelo ex que não aceitava o fim do namoro. Inconformado com o fim da relação, ele passou a insistir em uma reconciliação, até que encontrou a vítima e agrediu com golpes de faca e também com um pedaço de madeira, causando ferimentos graves que resultaram em sua morte.
A 29ª vítima foi Erivelte Barbosa Lima de Souza, de 48 anos, que foi esfaqueada pelo marido Adenilton José da Silva Santos, de 30 anos, em Paranaíba. Adenilton José da Silva Santos foi preso em flagrante e levado à delegacia do município. Durante o interrogatório, ele confessou o crime e contou que não conseguia lembrar o que o levou à prática, já que estava embriagado.
A 30ª vítima foi Andreia Ferreira, de 40 anos, assassinada a tiros pelo marido Carlos Alberto da Silva. Irritado após discussão do casal, Carlos usou arma que tinha em casa para disparar contra a mulher. O homem esteve foragido, mas foi preso uma semana após o ocorrido do dia 12 de outubro.
Solene Aparecida Ferreira Corrêa, de 46 anos, foi a 31ª vítima de feminicídio. Ela foi encontrada morta no chão de sua casa, com marcas de violência e sinais de enforcamento. O caso aconteceu em Três Lagoas e a suspeita pela morte era sua companheira, identificada como Laura Rosa Gonçalves, que foi presa em flagrante.
Luana Cristina Ferreira Alves, de 32 anos, foi a 32ª vítima de feminicídio em Mato Grosso do Sul. Ela foi morta a facadas no Jardim Colúmbia, em Campo Grande, na noite do dia 28 de outubro.
Aline Silva, de 26 anos, foi a 33ª vítima de feminicídio no Estado morta a facadas na frente da própria casa no bairro Santa Luzia em Jardim.
A 34ª vítima, foi uma mulher de 43 anos, morta em casa a golpes de faca em que o suspeito é o filho da vítima, no bairro Jardim Redentora, em Aparecida do Taboado.
** Colaborou Leo Ribeiro e Felipe Machado




