Capivaras, antas, jacarés, lobinhos e outros animais silvestres são vítimas frequentes de atropelamentos nas rodovias de Mato Grosso do Sul, principalmente na BR-262, na região oeste e corredor do Pantanal. Dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) mostram que de janeiro até agora, 57 animais foram atropelados nas estradas federais do Estado e durante todo o ano passado, foram 245, o que corresponde a uma média de 20 todos os meses.
O inspetor Tércio Baggio afirma que a grande maioria ocorreu na 262 e que a quantidade de animais mortos e de ocorrências desse tipo podem ser muito maiores. Isso porque nem todos os casos são informados à corporação. “Geralmente são as ocorrências com carros pequenos que chegam até nós. É porque o veículo teve um dano e não pode seguir viagem, ou porque o dono quer acionar o seguro. Mas um caminhoneiro não vai informar nada, porque não causa dano ao veículo”.
E a quantidade de ocorrências é, de fato, maior. Pesquisa da Universidade Federal do Paraná (UFPR) mostra que entre junho de 2011 e maio de 2012, o total de animais silvestres atropelados na rodovia do Pantanal foi de 610, o que salta a média mensal para 50 atropelamentos em um mês. Essa pesquisa embasou um estudo do Departamento Nacional de Infraestrutura Rodoviária (DNIT) de Mato Grosso do Sul para instalação de radares na 262. Os equipamentos, num total de seis, começaram a operar no começo de abril no trecho entre Anastácio e Corumbá que tem 292 Km. A velocidade máxima permitida nos seis locais é de 80 Km/h. Segundo o departamento, a tentativa é de reduzir as mortes de animais silvestres e garantir a segurança dos motoristas.
De acordo com a PRF, além do problema ambiental, os atropelamentos também colocam a vida humana em risco. O inspetor Baggio sustentou que, apesar de serem poucos, já houve casos de mortes em acidentes de carro que envolvem animais. “Por vezes ocorrem acidentes com vítima fatal, até por falta de habilidade do motorista, que desvia do animal bruscamente, ou perde o controle e capota ou cai em área alagada”. Para o inspetor, o ideal é que haja mais controle das rodovias com uso de equipamentos eletrônicos para que a velocidade nas rodovias seja respeitada e assim, menos animais sejam atropelados e também queda na ocorrência de acidentes fatais. “O trânsito do Brasil é o mais violento do mundo e apenas a conscientização não vai ser suficiente para barrar isso. É preciso mais investimento no controle de velocidade de forma eletrônica”, defende.